quarta-feira, 27 de julho de 2011

CRIANÇA QUE TRABALHA TEM MAIS ALTERAÇÃO DE HUMOR E DÉFICIT DE ATENÇÃO NA FASE ADULTA

Os malefícios do trabalho infantil à saúde foi o tema do último Fórum Paulista de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil realizado nesta segunda-feira, na sede no MPT da 2ª Região/SP. A palestra foi ministrada pelo professor e médico Pediatra do Departamento de Pediatria Social da Faculdade de Medicina da UNICAMP Roberto Teixeira Mendes.



Durante a palestra, explicou como o trabalho infantil interfere na saúde dessas pessoas na fase adulta. Em curto prazo, os prejuízos vão desde dificuldades no convívio social, maior vulnerabilidade e menos resistência a frustrações. Segundo Mendes, “o desenvolvimento da criança pode ser radicalmente afetado quando ela está inserida numa estrutura do mundo adulto”.

Ressalta que uma das principais capacidades afetadas é a resiliência, conceito da física que explica a capacidade de um corpo recuperar sua forma original após sofrer choque ou deformação. A partir dessa ideia é possível compreender o poder de recuperação das pessoas que sofreram algum trauma, ou da forma como suportam as condições de determinados ambientes.

As crianças que trabalham, quando atingem a idade adulta, possuem dificuldade em enfrentar a vida e superar momentos de adversidade. Tornam-se mais propensas a alterações de humor e déficit de atenção, por não terem desenvolvido sua capacidade de se relacionar com o próximo e construir uma afetividade.

Roberto Teixeira Mendes, relatou ainda o papel do profissional da área pediátrica no acompanhamento de quaisquer alterações no comportamento infantil e reiterou a importância da participação dos pais e da escola trabalhando em conjunto. Na opinião de Mendes, tanto os profissionais da área como as instituições governamentais não estão plenamente preparados para enfrentar o problema, nem percebem a sua dimensão.



Para ele, o trabalho infantil acaba sendo aceito como fato comum na cultura dos centros urbanos, pois comumente é apontado como uma alternativa à criminalidade e à violência urbana.
As brincadeiras exercem um papel fundamental no desenvolvimento infantil e esta etapa não pode ser interrompida. Através destas atividades o ser humano desenvolve habilidades de abstração, de criar e compreender símbolos. Essa vivência contribui para o amadurecimento da sua objetivação do mundo e construção do real. Segundo Mendes “A criança que não brincou não ensaiou seu papel no mundo”.



Fonte: jusclip.com.br

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